O banco onde se sentara o rapaz pregou-lhe uma partida. Os
bancos não falam, mas às vezes é como se falassem e nos quisessem dizer alguma
coisa. Não é neles onde as pessoas se sentam e confessam os seus dias?
O rapaz, que estava mais preocupado em pensar no amor da sua
vida ao longo do seu percurso, lembrou-se quando chegou ao carro que precisaria
das chaves para abrir a porta. Mas as chaves não estavam junto dele, não as
encontrou. Procurou-as na sua pasta amarela. Aquela pasta não me é estranha, parece que ainda a hoje vi. Depois disso, procurou em todos os bolsos
das calças, mas não encontrou.
A primeira coisa em que se lembrou foi ir à mesa especial onde tinha
estado, e verficiar se tinha deixado lá as chaves. Lembrou-se porque talvez o seu inconsciente
queria ver outra vez aquela rapariga, dando-lhe essa dica.
De modo que subiu as escadas novamente, e tentou não se
perder nos corredores, mas afinal tinha decorado cada pedaço daquele corredor.
Voltou a encontrar a rapariga. Estava pensativa, sentada nos
bancos junto aos gabinetes naquele corredor estreito. Ele quase a assustou, não
estava a contar com ele. Não sei em quê estava a pensar, mas quase aposto que
era no rapaz, e no quanto ele era diferente.
Então o rapaz atrapalhado, perguntou-lhe se ela tinha visto
as chaves, disse-lhe que tinha ido procurar por todo o lado, mas não as
encontrou. Ele mentiu-lhe nesse aspeto, quem mente por amor acho que merece
perdão. Ele só se lembrou de ir àquele sítio por algum motivo, eu sei qual foi,
ele amava-a a sério.
No entanto ela ficou no sítio onde estava enquanto o rapaz
foi à mesa verificar se tinha deixado lá as chaves. Ela olhou para ele com aquele
olhar que apaixonou ainda mais o rapaz.
Ele não encontrou e disse-lhe que não estavam ali. Ela ficou
preocupada em saber que o rapaz não poderia regressar a casa sem as chaves e fizeram
a sua primeira promessa.
16 JAN, 2017 0
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